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04/09/2014

CAIPIRA NA CIDADE GRANDE


   O sonho do cidadão tabuiense é conhecer Belo Horizonte. Cada um sente que até o seu status muda dentro da sociedade quando fala que já foi à capital. Foi por isso que o Zé Tranquilim, mesmo sem conhecer Tabuí direito, vendeu umas cabeças de gado e se mandou pra Belzonte.
   Aquele monte de prédio caquele tantão de carros e o povão no meio da rua, fez o Tranquilim perder a tranquilidade. Ficou foi tonto. Aí, numa hora em que sentiu necessidade de atravessar a Afonso Pena, teve que chamar o guarda. Olhando pro Zé, com aquela cara de mocorongo, o guarda não teve piedade.
   - Atravesso o senhor... Mas custa trinta mangos... Topa?
   O Zé Tranquilim achou aquele trem danado de esquisito e não topou. 
   - Ah... Coá!... Diacho de trem caro, sô! 
   Ficou ali pensativo e pondo sentido no movimento do guarda apitando pra cá e pra lá para botar ordem na carraiada e no povo maluco. Foi nesse momento de confabulamento que parou ao seu lado uma moça com uma camisa muito decotada e colorida, uns colares e uma sainha chitada e curta. Na mão, uma bolsinha piquititita e no rosto um monte de pintura, além de batão nos beiço... O Zé até que achou ela ajeitada, mas, se fosse dele, não vestiria daquele jeito não... Aí viu que a moça ia atravessar a rua. Ela viu também a cara de mocorongo dele e já começou a pensar maldades. Quandefé ela olhou pra ele, deu uma piscadinha e convidou:
   - Vamo?
   - Quanto é, dona moça?
   - Só cobro cinquentinha... Tá bão procê?
   - Virgomaria! Que trem caro! Cuesse preço aí minha preferença é í com o guarda! 
©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e www.tabui.blogspot.com.br/

08/05/2013

JUSTIFICATIVA REAL



  Totonho da Marianica, depois de vender o Jurumela, juntou mais um dinheirinho, e resolveu comprar uma caminhonete para melhor tocar os negócios. No dia em que foi buscar a bichinha novinha resolveu conferir se o trem era bão mesmo. Pegou a estrada e pisou no acelerador pra valer: 80, 90, 100, 120km/h. Quando estava a 140km/h, passou por uma patrulha da Policia Rodoviária que lhe fez sinal p parar.
  - Num vô pará não. Quero vê se eis consegui mi pegá. - E acelerou mais ainda.
 E a policia bateu atrás do Totonho, com a sirene ligada, até que ele viu que não tinha jeito mesmo e encostou-se à beira da estrada. O guarda aproximou-se, pediu a documentação e comentou:
  - Correndo um cadim, hein, seu Antonio? Escuta aqui, hoje é sexta-feira, já tá de tarde, eu tô muito cansado, querendo ir pra casa... Me dê uma desculpa bem dada pra justificar tanta correria que eu não faço multa nenhuma e o senhor vai simbora.
  - Siguinti, seu guarda... Sucede qui, na semana passada, minha muié fugiu cum sordado e quando vi o carro da puliça correndo atrais di mim, pensei qui sesse ele, quereno mi devorvê a muié, uai!...
  - Tá dispensado... CumDeus! 

(Causo recolhido e enviado por Joaquim da Silva Junior, de Carmo do Rio Claro-MG)