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01/04/2013

ADVERSÁRIOS POLÍTICOS




O Raimundo Barbeiro sempre tinha confusão na sua barbearia já que atendia sem escrúpulos a toda a fauna de Tabuí. No sábado que antecedeu a Páscoa, apareceu o coronel Realejo Jambiró pra fazer a barba. Coincidentemente, na barbearia, sendo atendido pelo Tõinzim Capeta, estava o Benedito Tendodito, roceiro pobre, humilde, dali do Bananal, ferrenho adversário político do coronel.
Os dois não se bicavam, mas, em nome da democracia, em terra tão civilizada como Tabuí, olharam um pro outro, mas não se cumprimentaram. Apenas fizeram “Rummm”. Os dois barbeiros, conversadores e conhecedores das fofocas da cidade, nem sabiam que assunto começar, com medo de que saísse discussão e o coronel, sempre armado com um trabucão, aprontasse um fuzuê ali dentro. É preciso explicar que o Benedito não deixava por menos e carregava sempre uma faquinha peixeira de meio metro de cumprimento. Foi um barbear ao silêncio profundo.
Terminado o serviço no coronel Realejo, o Tõinzim foi pegar na prateleira a loção pós-barba pra borrifar a cara do freguês. Este, mais que depressa, negou a deferência.
- Quero não, Capeta! A muié lá in casa vai sintí esse chero e num vai gostá... Vai pensá que isso é perfume de puteiro...
Nessa mesma hora o Raimundo terminava a barba do Benedito Tendodito, a quem ofereceu também a loção pós-barba.
- Uai, sô! É bão demais da conta. Popassá e muito! Quero chegá in casa pirfumado... A muié lá in casa nem sabe cumé o chero do putero... Nunca trabaiô lá!...
Foi por isto que o estabelecimento do Raimundo Barbeiro ficou seis meses ”fechado pra reforma”.

13/08/2009

Esses estranhos homens

João Cólica morava no Pindura Saia e resolveu assistir comício na cidade cortando caminho pro outro lado do brejo, que ia dar na Perdição de Cima. De lá era um pulo até Tabuí. Ouvir o futuro prefeito e mais uns outros.

- Sempre aprendo umas coisinha cuesses home, uai!...

João foi. Tempo bom quando saiu de casa. Roupa branca e bem passada pra causar boa impressão, cabelo alisadinho, bigode bem penteado... Pouco antes de atravessar o brejo, vem a tribuzana de chuva trazendo enxurrada e lama pra mais de metro. Cavalo alazão teve que nadar no barro para chegar do outro lado do brejo, carregando o João Cólica que levantou as pernas, pondo os pés na cabeça do cavalo, para não sujar a roupinha. Nem bem passou o brejo, o cavalo foi ficando incomodado com lama pelo corpo, inclusive no rabo e começa a abanar o dito cujo, pondo em risco a calça branquinha do Cólica.

- Isso não, coração!

Mais que depressa o cavaleiro pega o rabo do companheiro com a mão direita e vai segurando o danado até chegar à cidade. Pára logo na casa da dona Magnésia Bisurada para pedir informação. Como eu dizia, segurando o rabo do cavalo:

- Ô dona, a sinhora sabe ondé o comíço?

- O quê? Ondé qui o sinhô come o quê? – responde perguntando distraída, a cidadã.

Assim que dona Magnésia analisa a situação e vê o homem segurando com firmeza o rabo do cavalo, completa rapidinho:

- Uai, sô, pode ser in quarqué lugá mas aqui na porta da minha casa não, pelamô de Deus!