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07/05/2014

ADVERSÁRIOS POLÍTICOS


O Raimundo Barbeiro sempre tinha confusão na sua barbearia já que atendia sem escrúpulos a toda a fauna de Tabuí. No sábado que antecedeu a Páscoa, apareceu o coronel Realejo Jambiró pra fazer a barba. Coincidentemente, na barbearia, sendo atendido pelo Tõinzim Capeta, estava o Benedito Tendodito, roceiro pobre, humilde, dali do Bananal, ferrenho adversário político do coronel.
Os dois não se bicavam, mas, em nome da democracia, em terra tão civilizada como Tabuí, olharam um pro outro, sem se cumprimentarem. Apenas fizeram “Rummm”. Os dois barbeiros, conversadores e conhecedores das fofocas da cidade, nem sabiam que assunto começar, com medo de que saísse discussão e o coronel, sempre armado com um trabucão, aprontasse um fuzuê ali dentro. É preciso explicar que o Benedito não deixava por menos e carregava sempre uma faquinha peixeira de meio metro de cumprimento. Foi um barbear ao silêncio profundo.
Terminado o serviço no coronel Realejo, o Tõinzim foi pegar na prateleira a loção pós-barba pra borrifar a cara do freguês. Este, mais que depressa, negou a deferência.
- Quero não, Capeta! A muié lá in casa vai sintí esse chero e num vai gostá... Vai pensá que isso é perfume de puteiro...
Nessa mesma hora o Raimundo terminava a barba do Benedito Tendodito, a quem ofereceu também a loção pós-barba.
- Uai, sô! É bão demais da conta. Popassá e muito! Quero chegá in casa pirfumado... A muié lá in casa nem sabe cumé o chero do putero... Nunca trabaiô lá!...
Foi por isto que o estabelecimento do Raimundo Barbeiro ficou seis meses ”fechado para reforma”.

01/04/2013

ADVERSÁRIOS POLÍTICOS




O Raimundo Barbeiro sempre tinha confusão na sua barbearia já que atendia sem escrúpulos a toda a fauna de Tabuí. No sábado que antecedeu a Páscoa, apareceu o coronel Realejo Jambiró pra fazer a barba. Coincidentemente, na barbearia, sendo atendido pelo Tõinzim Capeta, estava o Benedito Tendodito, roceiro pobre, humilde, dali do Bananal, ferrenho adversário político do coronel.
Os dois não se bicavam, mas, em nome da democracia, em terra tão civilizada como Tabuí, olharam um pro outro, mas não se cumprimentaram. Apenas fizeram “Rummm”. Os dois barbeiros, conversadores e conhecedores das fofocas da cidade, nem sabiam que assunto começar, com medo de que saísse discussão e o coronel, sempre armado com um trabucão, aprontasse um fuzuê ali dentro. É preciso explicar que o Benedito não deixava por menos e carregava sempre uma faquinha peixeira de meio metro de cumprimento. Foi um barbear ao silêncio profundo.
Terminado o serviço no coronel Realejo, o Tõinzim foi pegar na prateleira a loção pós-barba pra borrifar a cara do freguês. Este, mais que depressa, negou a deferência.
- Quero não, Capeta! A muié lá in casa vai sintí esse chero e num vai gostá... Vai pensá que isso é perfume de puteiro...
Nessa mesma hora o Raimundo terminava a barba do Benedito Tendodito, a quem ofereceu também a loção pós-barba.
- Uai, sô! É bão demais da conta. Popassá e muito! Quero chegá in casa pirfumado... A muié lá in casa nem sabe cumé o chero do putero... Nunca trabaiô lá!...
Foi por isto que o estabelecimento do Raimundo Barbeiro ficou seis meses ”fechado pra reforma”.

03/02/2013

O BARBEIRO CHAPADO





     O Raimundo Barbeiro, como o próprio nome indica, era o barbeiro mais afamado de Tabuí. Isso quando tava são, pois, na maioria das vezes, vivia trolado. Aí, se facilitasse, Raimundo fazia desfeita e tratava de forma deselegante a clientela. Não por maldade, mas por não saber o que estava fazendo.
     Certo dia chegaram ao mesmo tempo dois clientes. Um da cidade, o Antão, e o outro, um forasteiro que ninguém conhecia. O Antão, vendo que o Raimundo tava chapado, já conhecendo a fama, resolveu fazer uma graça com o que veio de fora e cedeu-lhe a vez. Mas não foi embora não. Ficou por ali, como quem não quer nada, para ver no que ia dar o serviço. O homem tinha o rosto cheio de entrâncias e saliências e, como decerto não tinha os dentes de trás, seu rosto era chupado. O Raimundo, cambaleante em torno do cliente, botou a cuca pra funcionar à procura de uma forma de descobrir como fazer bem feita a barba do homem. E pensou com seus botões: “com a cara desse jeito, cheia dessa buraquera, tá pió do que a estrada que vai pra Tapiraí, uai”.
     Chapado como estava, Raimundo só viu uma solução. Como não conseguia passar a lâmina de barbear nos buracos do rosto do homem, enfiou um dedo na boca dele a fim de empurrar a pele pra fora e passar a lâmina. Não teve apelo. O forasteiro subiu nas tamancas e ficou bravo.
      - Seu fio da mãe! Disgraçado! Cumé quiocê infia esse dedo sujo e catinguento na minha boca desse jeito?
     Ao que o Raimundo responde na maior calma:
     - É só pra mode fazê as bochecha, sô!
     Só não houve morte dentro da barbearia porque o Antão, que era bem grandão, resolveu botar ordem no pedaço, o que acalmou o forasteiro.