21/08/2014

SURDA POR CONVENIÊNCIA


   Dona Lulu tinha uma empregada. Mais surda do que a porta da cozinha. Segundo as más línguas a surdez era proposital. Só quando ela, a Judite, queria. Dona Lulu, da rua, um dia teve que telefonar pra casa.
   - Judite, sou eu...
   - Dona Lulu num táqui não!...
   - Mas, Judite, sou eu, a Lulu!
   - Dona Lulu num táqui, já falei!
   - Judite, já disse que sou eu, a Lulu!
   - Ah, bão!... É a Duminga, né?
   - Que Domingas o quê, muié! É a Lulu!... Ô droga!
   - Pois é, dona Duminga, a Lulu saiu! Foi batê perna por aí qui é o quiela sabe fazê!...
   - Judite, sua filha da mãe! Além de não ouvir, ainda inventa, sua égua!...
   - Ó, dona Duminga, ela saiu cedo pra mode batê perna e sei lá fazê mais o quê... Inté agora na rua! Pode isso, sá?
   - Ô, Judite, cê quer saber de uma coisa? Vai catar coquinho, vai!...
(Causo contado por L. Nunes, de Goiânia-GO)

©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e http://tabui.blogspot.com.br/

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