21/08/2014

AMOR, SUBLIME AMOR


   Lá em Belzonte estavam passando o filme “Amor, Sublime Amor”. O Vanginaldo gostou tanto e ficou tão emocionado com a fita, que assistiu a várias sessões no final de semana, chegando ao ponto de decorar quase todas as cenas. A cada sessão, o moço chorava baldes.

   Depois de quase um ano, o filme chegou a Bambuí – isto há muito tempo, quando por lá ainda havia cinema - e o Vanginaldo fez tanto escarcéu, tanta propaganda que uma turma de Tabuí resolveu ir à cidade vizinha pra assistir “Amor, Sublime Amor” e lá vai o Vanginaldo ver o filme pela décima sétima vez. Como eu disse, ele já conhecia de cor cada cena. Deu naquela em que a mocinha era conduzida para a beira do abismo onde seria jogada pelos bandidos. O Vanginaldo resolveu fazer uma brincadeira com a plateia conterrânea e não conterrânea. Na hora de maior suspense, com todo mundo se derretendo em lágrimas, quando a moça seria jogada abismo abaixo, ele grita bem alto o nome dela:
   - Alzira!....
   É o momento em que a atriz se vira, ante a morte iminente, e encara a câmara, deixando cair uma lágrima do olho direito. Mal cai a lágrima e o povo entendendo nada, ouve-se novamente a voz do Vanginaldo:
   - Não, Alzira, é nada não... Pode í, sá! Pode jogá ela, viu cambada de bandido fedaputa?
   Toda a dramaticidade da cena acabou. As gargalhadas ecoaram salão afora enquanto Vanginaldo saía de fininho, antes que as luzes fossem acesas.
©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e www.tabui.blogspot.com.br/

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