No grupo escolar de Tabuí tem a professora Betânia, a
melhor alfabetizadora que já aparecera por aquelas bandas. Famosa mesmo. Tava
ensinando pros meninos as famílias para a formação das palavras. Ba, Be, Bi,
Bo, Bu... Pa, Pe, Pi, Po, Pu... No final do dia ela dá como tarefa pros seus
alunos escreverem, em casa, a família do C.
Helinho não se faz de rogado. Queria sempre agradar à
professora. Chega em casa e pede ajuda do pai.
- Intão vai, fio, iscreve aí: Ca Ce Ci Co Cu...
Helinho escreveu, com letra incerta e insegura o que o pai
mandou. Mas o pai não gostou muito daquele negócio. Examinou, examinou e resolveu
apagar a última sílaba. Não podia mandar aquele trem indecente pra professora
Betânia, coitada!... Só que, cadê a borracha? Não tiveram dinheiro nem pra
comprar o material escolar completo do filho... Naquele tempo nem Bolsa Escola
havia... Aí o pai, com todo o cuidado, pegou uma lâmina de barbear velha e raspou
a última sílaba que o Helinho havia escrito.
No dia seguinte, chega o Helinho à escola, doido pra
mostrar o dever de casa pra professora Betânia.
- Leia aí, Helinho, bem alto a sua resposta!
- Ca, Ce, Ci, Co....
- Uai, Helinho, cadê o Cu?
- Uai, fessora, o pai rapô ca gilete!....
(Causo recolhido e enviado por Edelson Silva
Pereira Lopes, de Brasília-DF)
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