Altas horas da madrugada, cambaleando rua a
fora, vai o Cirino. Bêbado, mas lúcido. A grana andava tão curta que nem jeito
de ficar bêbado completo ele tinha. Assim
que passa pela esquina da Rua do Assobio com o arremedo de praça que Tabuí tem,
Cirino vê movimento estranho e resolve espiar o que acontecia. Casa cheia de
gente. Cirino logo pensa em pinga grátis. Era velório.
Entra e fica num cantinho, ressabiado, assuntando,
apreciando o movimento. Foi quando ouve um comentário:
- Gente, vamo fazê uma vaquinha pra gente
comprá uns trem pra cumê e bebê?
- É memo, sô! Vamo fazê causdiquê da casa num
vai saí nada não. A situação tá braba.
E começa alguém a passar um chapéu, aonde os
visitantes iam colocando os trocados. Cirino já alegrinho, pensando na pinga
que iria chegar. Quando o chapéu passa perto da viúva, ela ia colocar duas notas
de dois reais. O moço do chapéu não aceitou de jeito nenhum:
- Não, dona viúva! A senhora num picisa... Já
entrô cu difunto!...
A viúva, emocionada com o gesto dos amigos do
falecido, põe-se a reclamar da vida:
- Tadim do Gripino, gente! Vaimbora pra sempre...
Prum lugá fechado... Moiado... Iscuro... Ondé qui nem tem o de cumê!...
Cirino ficou tão incomodado com aquilo que nem
quis mais esperar a pinga e os comes.
- Ê-Ê!... Tá pareceno quiela tá quereno levá o
falicido lá pra casa, uai!... Eu, heim!...
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