Tetéu viu que
tava na hora de largar mão de muita fofoca na cidade e ir embora pra casa, já
que morava bem uns cinco quilômetros distante de Tabuí e a tarde tava no meio.
Mas ia a pé, pois que vendeu o cavalo na
feira pra juntar uns cobrinhos e comprar uns trens de que tava precisando. Na feira
mesmo Tetéu comprou uma gansa e dois pintos da melhor qualidade. Iria levar pra
casa mode melhorar o seu plantel. No armazém do Totõe Melado comprou um galão
de tinta verde de dez litros – lá em Tabuí tem - e um balde pra carregar água,
assim de uns vinte litros.
Na porta do
armazém, ao sair, ficou matutando como iria levar “aquela trenheira toda pra
casa de apé”... Mas bem naquela hora apareceu distinta pedindo uma informação:
- Moço, como
faço pra chegar lá na Fazenda Tostões Furados?
Aquela pergunta
animou o Tetéu, visto ter vindo de uma mulher muito chique e distinta.
- Óia, sá! É bem
pertim pondé quiovô. Bora junto, uai!
A mulher pensou
um pouquinho, olhou pro roceiro moreno e forte e aceitou o convite. Quando ela
viu a confusão do Tetéu pra juntar as coisas que iria levar, abanou a cabeça em
sinal de compreensão e organizou pra ele:
- Ponha o galão
dentro do balde. Ai, o senhor carrega o balde numa mão, o ganso na outra e um pinto
debaixo de cada braço.
Tetéu ficou mais
que satisfeito com a solução encontrada e partiram os dois. Na metade do
caminho ele resolve sugerir um atalho, passando bem no meio de um mato fechado.
Foi a hora da mulher ficar com a pulga atrás da orelha e olhar pra ele com certa
desconfiança. Querendo e não querendo.
- Mas, escuta,
seu Tetéu – já eram íntimos, no bom sentido – no meio desse mato aí, como vou
me defender se o senhor resolver me atacar?
- Ieu, sá?
Façisso não, uai! Sô até home sério...
- Sei lá... Quem
me garante que você não vai querer levantar minha saia e abusar de mim? Homem
sério também faz dessas coisas, não faz?
Tetéu começou a
ficar nervoso ante a ideia da moça, passou a suar frio e a gaguejar.
- Mais,
mu-muié!... Cê num tá veno que tô ca-carregano essa trenhera toda, cas mão tudo
cu-cupada? E sieu sortá os bicho ês foge tudo! Uai!...
- Não tem
dificuldade, Tetéu... Você põe o ganso no chão e emborca o balde sobre ele, com
a tinta em cima pra dar peso e o ganso não fugir....
- Mais, sa-sá!...
e os pin-pinto, trem?
(Baseado em texto enviado por Djalma Melo, de Fortaleza-CE)
Um comentário:
É sempre prazeroso iniciar o dia com boas risadas!
Valeu Eurico!
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