14/03/2013

NIQUI A MUIÉ QUÉ...





Tetéu viu que tava na hora de largar mão de muita fofoca na cidade e ir embora pra casa, já que morava bem uns cinco quilômetros distante de Tabuí e a tarde tava no meio. Mas ia a pé,  pois que vendeu o cavalo na feira pra juntar uns cobrinhos e comprar uns trens de que tava precisando. Na feira mesmo Tetéu comprou uma gansa e dois pintos da melhor qualidade. Iria levar pra casa mode melhorar o seu plantel. No armazém do Totõe Melado comprou um galão de tinta verde de dez litros – lá em Tabuí tem - e um balde pra carregar água, assim de uns vinte litros.
Na porta do armazém, ao sair, ficou matutando como iria levar “aquela trenheira toda pra casa de apé”... Mas bem naquela hora apareceu distinta pedindo uma informação:
- Moço, como faço pra chegar lá na Fazenda Tostões Furados?
Aquela pergunta animou o Tetéu, visto ter vindo de uma mulher muito chique e distinta.
- Óia, sá! É bem pertim pondé quiovô. Bora junto, uai!
A mulher pensou um pouquinho, olhou pro roceiro moreno e forte e aceitou o convite. Quando ela viu a confusão do Tetéu pra juntar as coisas que iria levar, abanou a cabeça em sinal de compreensão e organizou pra ele:
- Ponha o galão dentro do balde. Ai, o senhor carrega o balde numa mão, o ganso na outra e um pinto debaixo de cada braço.
Tetéu ficou mais que satisfeito com a solução encontrada e partiram os dois. Na metade do caminho ele resolve sugerir um atalho, passando bem no meio de um mato fechado. Foi a hora da mulher ficar com a pulga atrás da orelha e olhar pra ele com certa desconfiança. Querendo e não querendo.
- Mas, escuta, seu Tetéu – já eram íntimos, no bom sentido – no meio desse mato aí, como vou me defender se o senhor resolver me atacar?
- Ieu, sá? Façisso não, uai! Sô até home sério...
- Sei lá... Quem me garante que você não vai querer levantar minha saia e abusar de mim? Homem sério também faz dessas coisas, não faz?
Tetéu começou a ficar nervoso ante a ideia da moça, passou a suar frio e a gaguejar.
- Mais, mu-muié!... Cê num tá veno que tô ca-carregano essa trenhera toda, cas mão tudo cu-cupada? E sieu sortá os bicho ês foge tudo! Uai!...
- Não tem dificuldade, Tetéu... Você põe o ganso no chão e emborca o balde sobre ele, com a tinta em cima pra dar peso e o ganso não fugir....
- Mais, sa-sá!... e os pin-pinto, trem?
- Nenhum problema Teteuzinho!... Eu seguro, uai!!

                                                     (Baseado em texto enviado por Djalma Melo, de Fortaleza-CE)

Um comentário:

Hélvia Paranaguá disse...

É sempre prazeroso iniciar o dia com boas risadas!
Valeu Eurico!