Pedro
e Pedrina estavam casados há uns cinco anos e as diferenças já aumentando. Foi
por essa época que Pedro descobriu que Povim de Tabuí comentava, à boca
pequena, que o moço casara por interesse, já que a sogra era dona da Penção Socêgo, com três ou quatro
quartos. Grande demais da conta pra tão pacata currutela.
Tio
Marcolino chegou a falar pro Pedro:
-
Ó sô, casa por dinheiro não. Tem empréstimo mais barato!...
Mas
eis que nasce o segundo filho. Logo no dia em que Pedro levou um tombo e teve
uma séria inflamação muscular, ficando mesmo bem mal da perna. Pedrina também
não ficou bem, pois teve descolamento da placenta. Os dois começaram a tomar
remédio e, para o filho mais velho, de quatro anos, não bulir, colocaram os medicamentos
em cima da geladeira.
Enquanto
isso, o tempo passava e Pedro brigava em dias alternados com a mulher e com a
sogra. Ah, se arrependimento matasse!... E meditava com seus botões: “quem me
dera o meu tempo de namoro aqui e ali, quando o amô era um jardim frorido. Pois,
agora, com essa droga desse casamento, virou um campo de urtiga”. Descobriu o
moço que um solteiro pode ser tão idiota quanto um homem casado, mas ele ouve
isso muito menos vezes. “Ainda mais com essa jararaca de sogra zucrinano minha
vida”. Cruzcredo!
Só
que Pedro, como a maioria dos habitantes de Tabuí, não sabia ler direito e as
caixas dos medicamentos lá em cima da geladeira, eram bem parecidas... Daí pra
misturar tudo foi um pulo. Resultado. Pedrina, que tomava o seu remédio
direitinho, sarou logo, mas Pedro teve a inflamação piorada. E a sogra, para
pisar um pouco mais na ferida do coitado do genro, gozava:
-
O Pedroca pode num tê sarado da inflamação, mas discolamento de pracenta ele
nunca vai tê!...
Um comentário:
Olá boa noite!
"Pois; dessa enfermidade estava ele livre e guardado... sempre."
Um abraço.
Dilita.
(Portugal)
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