Manequinho era homem dito sistemático, dos mais organizados. Mal
sabia ler e escrever, mas tinha um escritório – uma mesinha lá na sala – das
mais ajeitadinhas, onde colocava as contas e as anotações do que fazia ou
deixava de fazer no dia-a-dia.
No caderninho de capa preta, anotava, mês a mês, as contas a
pagar:
Janeiro: porco do genô, luiz,
venda do tião, buteco da lila, conta de aguá.
Fevereiro: passage pra toá, vetido pra muie, ropa de bacho pras
fia, luiz.
Março: luiz, xinelo pra mim, queca pra mim, conta de aguá duas
veiz.
Foi no final do terceiro mês que a muié não agüentou.
- Ô Maneco, que droga de Luiz é esse quiocê todo mês tem que
pagá prele?
- Luiz?... Que Luiz, muié?
- Esse qui táqui n seu cadernim, trem!...
- Cê num sabe lê, né
mezzz? Ó, Sá! Prestenção! Aqui tá iscrito é luiz, num é Luiz. É a conta da
energia eletri de todo mês, uai! Cê veve no iscuro puracaso?
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