09/05/2013

APARELHO NOS DENTES?


O Damasceno andava “cabrunhado da vida, cramano de tudo quantoá”... Sua maior preocupação era achar que as mulheres não lhe davam bola.
- És num qué sabêdeu, sô! – Esta a reclamação para o Zizico, amigão do peito.
- Ó Damá, cê tem que se arrumá mais mió, sô! Botá umas ropa limpa, busuntá de prefume, pintiá os cabelo, carçá butina... As muié óia é essas coisa, sô!
- Não Zizico, isso custa muito dinheiro... Quero não!
E Damasceno continuou na sua fase sem mulher e sem pentear os cabelos, sem usar calçados, fedendo a inhaca e com roupas sujas. Mas num certo dia, viu um seu conhecido com uma mocinha até bonita debaixo da asa e pensou “causdiquê ele pode e ieu não?”. Aí observou que o sortudo era feio também, pobre como ele, mal vestido e mal calçado... Mas tinha uma diferença. Usava aparelho nos dentes. Taí o charme que ele não tinha. Para o Damá, passou a ser bonito usar aparelho nos dentes. “Coisa mais fina e mais chique do mundo, sô!”, foi o que ele disse ao amigo Zizico. Arrumou-se um dia e foi procurar dentista.
- Dotô quero botá apareio nos dente!
O dentista mandou-o abrir a boca e foi bater o olho já deu o veredito:
- Posso botá aparelho aí não, seu Damasceno!
- Causdiquê não, sô? – Damasceno ficou bravo e já queria apelar...
- A gente coloca aparelho em dentes naturais, seu Damasceno. O senhor usa dentadura!... (Maria Antonieta de Camargos)

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