-
Celeste, deixa o Taviano í pescá Ca gente, sá!
-
Deixo não! Ele vai é inchê a cara junto cocêis! Pode não!
-
Mas, sá! A gente nem vamo levá pinga não, uai!
A
insistência foi tanta que dona Celeste não teve mais como negar. A preocupação
dela tinha procedência. Otaviano bebera tanto na juventude que, com pouco mais
de 40 anos, já tava com começo de cirrose. Celeste vigiava-o pra tudo quanto é
canto para que ele não mais colocasse um copo de cangebrina na boca. Mas,
pescar, era a sua grande paixão e foi isso que deixou mole o coração da mulher.
-
Intão, cês num leva bebida e vigia a capanga dele...
- Tá
bão, Celeste. A gente vamo fazê isso.
Mas,
apesar de tanta insistência, não ficaram sem levar bem escondida, uma garrafa
da cachaça Providência. Chegando à beira do córrego, pensaram, pensaram e
resolveram esconder a coisa num buraco de tatu. Acharam um, enfiaram a garrafa
bem pro fundo e tamparam tudo com folhas secas, na certeza de que o Taviano
jamais acharia o tesouro naquele lugar. E foram pescar. De vez em quando um dos
companheiros sumia. O destino era o buraco do tatu e a pinguinha diminuindo na
garrafa.
Numa
certa hora, descobriram que o Taviano não estava no meio deles. Sumira. Procura
daqui, procura dali, acharam o homem dormindo debaixo de uma gameleira. Ao acordar,
notaram que ele tinha bebido. Tudo.
- Uai,
sô! Cês num sabe que gambá chera gambá?
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