Este
causo aconteceu na Lagoa dos Valérios, bem ali, indo pro Bambuí. O Lazim tá lá,
sentadinho no barranco da lagoa, mastigando um capinzinho e apreciando o
movimento dos paturis, quando chega um caçador, suado e paramentado.
-
Moço, até agora não matei nada. Quanto o senhor quer pra deixar eu dar um tiro
num pato desses daí?
- Hê-hê,
sô!... Isso daí num é pato não!... É paturi!...
Lazim
logo notou que o cara era de fora, de alguma cidade, e não conhecia de bichos
do mato.
-
Cê vai mata um só? Pode sê cinquentinha...
O
forasteiro tidou uma nota de cinquenta reais, entregou pro Lazim e pregou fogo
nos bichos, assim bem no miolo. E não acertou nenhum.
- Ó,
toma mais cinquenta que vou dar outro tiro!...
-
Tá bão, sô!
Ao
final do tiroteio, sem acertar nenhum, o Lazim já tinha ganho bem mais de 650 mangos.
Aí o caçador, desanimado, senta-se ao lado dele e pergunta:
- O
senhor não tem dó dos patos não, moço?
Antes
de responder, Lazim ficou de pé e, saindo de fininho, sem nem olhar para trás,
respondeu:
-
Tenho dó não, uai! Os paturi nem é meu! Inté!...
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