29/04/2013

O CAÇADOR DE PATOS



Este causo aconteceu na Lagoa dos Valérios, bem ali, indo pro Bambuí. O Lazim tá lá, sentadinho no barranco da lagoa, mastigando um capinzinho e apreciando o movimento dos paturis, quando chega um caçador, suado e paramentado.
- Moço, até agora não matei nada. Quanto o senhor quer pra deixar eu dar um tiro num pato desses daí?
- Hê-hê, sô!... Isso daí num é pato não!... É paturi!...
Lazim logo notou que o cara era de fora, de alguma cidade, e não conhecia de bichos do mato.
- Cê vai mata um só? Pode sê cinquentinha...
O forasteiro tidou uma nota de cinquenta reais, entregou pro Lazim e pregou fogo nos bichos, assim bem no miolo. E não acertou nenhum.
- Ó, toma mais cinquenta que vou dar outro tiro!...
- Tá bão, sô!
Ao final do tiroteio, sem acertar nenhum, o Lazim já tinha ganho bem mais de 650 mangos. Aí o caçador, desanimado, senta-se ao lado dele e pergunta:
- O senhor não tem dó dos patos não, moço?
Antes de responder, Lazim ficou de pé e, saindo de fininho, sem nem olhar para trás, respondeu:
- Tenho dó não, uai! Os paturi nem é meu! Inté!...

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