Tavam lá os dois,
rodopiando no meio do salão. Baile da festa de aniversário de Tabuí. Saiu gente
de tudo quanto é biboca pra fazer o comemoramento. Os dois que eu digo, eram a
Luzia de Bem – mocinha regateira, prendada e formosa, vinda do Tapiraí – e o Mário QuatroPaus.
É bom explicar que o QuatroPaus viera
de longe, pois que morava na roça, bem umas duas léguas da cidade. Chegara
cansado e suado, com o desodorante vencido, fedendo a cigarro e com bafo da
cachaça que tomara “mode criá corage”, conforme disse pro seu amigo Manelão. E,
de tanto rodopiarem os dois pelo salão, aquilo começou a mexer as entranhas da Luzia
e deu tontura nela. Coitada. Tava sentindo uns troços. Levantou o rosto e falou
no ouvido do parceiro:
- Moço, me larga quieu
vumito!...
Aquilo arrancou sorriso
nos lábios do moço QuatroPaus. Feliz, olhando pra tudo quanto é lado como
que para se mostrar. E ele comentou, abaixando a cabeça e soltando o bafo:
- Nem tanto, sá! São seus
zóio...
Conversa danada de
esquisita, pensou a Luzia. Depois de uns dois minutos dançantes, volta ela ao
assunto:
- Ó, moço! To falano
sério e vô ripiti: me larga quieu vumito!...
- Ah, sá! Gradicido, viu?
O trem bão!...
A Luzia não teve alternativa.
Entornou o caldo que tinha no estômago bem no peito do QuatroPaus.
E o coitado do rapaz, melado e mais fedido, não entendeu como ela fez isso sem
avisar. “Ô menos pudia tê virado a cara proutro lado, uai!” - Pensou ele com
seus botões. E aquele vomitado, juntado com o cheiro do suor e do cigarro e da
cachaça e mais outros cheiros do salão, causava até arrepio em quem se
aproximava do QuatroPaus.
- Uai, Mário, o que foi
quiocê fez com a moça, home de Deus? Parece que ela até passô mal!... Né não? -
Foi o que perguntou o Manelão, em vista do acontecido.
- Uai, Manelão!...
Intindi nada, sô! Ela tava me elogiano e de repente intornou o cardo fidido em riba
de mim!...
- O que quiela falô
procê, sô?
- Uai, ela falô e ripitiu
“como ocê é bunito!”... Eu, hein!... Quem quintende as muiés, né?
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