Em dia de pouco movimento no trem de
ferro, ia ele, lentamente, como de costume, rumo a Tabuí, carregando uns minguados
passageiros. Dentre eles, o padre que iria substituir o vigário, Padre
Anacleto, nas suas férias. Ao lado do padre, absorto num jornal, com ares de
intelectual, estava um bêbado que chegara cambaleante vindo do carro da frente.
Assim que o padre avistou ao longe a cidade de Tabuí, o bêbado, educadamente,
puxa conversa:
- Sô padre! Suscristo!... Com
licença!... Hic! Sabe o sinhô o que provoca – hic! - essa tar de artrite que
fala aqui no jornali?
Padre novo, descansado, conversador,
ao notar o bafo espantante e represado saindo das entranhas do bebum, resolve
dar-lhe uma sutil lição, mesmo sendo redundante:
- Ah, meu amigo, artrite é doença
perigosa... Sabe como ela chega? Pela vida cheia de pecados de alguns, com
promiscuidade, sexo desregrado, muito fumo, farras intermináveis, parceiras
sexuais variadas e, principalmente, consumo excessivo de bebidas alcoólicas...
- O bêbado olhou pro padre com olhos
arregalados, como quem estivesse duvidando. Abaixou a cabeça e continuou a ler
o jornal.
O padre, por sua vez, achando que
tinha pego muito pesado com o bêbado, para não deixar má impressão, resolveu
dar uma amaciada e foi a vez dele puxar conversa:
- Há quanto tempo o senhor tem
artrite?
- Eu, sô padre? Deus – hic! - me
livre! Dominus vobiscum!...Tenho não!... Hic!... Aqui no jornali tá dizeno que
quem tem é o papa!... Hic!
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