Zé
Pelotinha era o moleque mais encapetado daquelas bandas. Azucrinava todo mundo.
O pai, João Pelota, não agüentava mais ouvir as reclamações da vizinhama. Já
tinha feito até umas crueldades com o menino mas de nada adiantara.
Num
certo dia o moleque passou dos limites. Amarrou palha de milho no rabo do gato e
botou fogo. Aí o velho Pelota não agüentou. Perdeu a estribeira. Ainda mais
que o gato, no seu desespero, saiu correndo feito doido e jogou fogo no pasto
sequinho do Tonico Cota. O vizinho, logicamente, veio reclamar cheio de razão.
Foi a gota d' água.
João
Pelota pegou o Pelotinha pela orelha e foi levando-o meio no arrasto para o
terreiro a fim de fazer a devida correção no moleque. Mas o danado do menino,
num bote só, escapa da mão do pai e trepa no ingazeiro, mais esperto que gato.
Pelota não perdeu tempo. Pegou um machado e em dois tempos derrubou a árvore.
Menino acompanhou a árvore no tombo e, já no chão, se mandou numa correria
desenfreada, enquanto o pai atirava-lhe umas pedradas doídas.
Tempos
depois João Pelota e a Pelotada toda vai a Tabuí para as cerimônias da
Semana Santa. Dias de muita reza, muita devoção e arrependimento dos pecados.
Foi aí que o Pelotinha resolveu, com medo do diabo e dos infernos, fazer uma
confissãozinha. Contou ao padre o que tinha feito com o pobre do gato, as
conseqüências da sua arte e até as pedradas que recebeu do pai.
O
padre Anacleto, achando graça na história e não tendo muito o que falar,
saiu-se com esta:
-
Você é doido, mio figlio! Desobedecer seu próprio pai!...
Ao
que o Pelotinha respondeu perguntando:
-
Quem é mais doido, padre, quem joga a pedra ou quem corre com medo dela?
-
Claro, figlio mio, que é quem joga a pedra!
E
o moleque concluiu sabiamente:
-
Então meu pai é mais doido que eu!...
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