06/06/2013

O CAIPIRA E OS CAVALOS


  Certa vez, vinha o Lidio trotando, em seu velho cavalo de tantos anos de lida, pela estradinha poeirenta que atravessava seu sítio, no cumprimento diário de faina de vistoriar a lavoura e apartar o gado. De repente aparece atrás dele, em alta velocidade, um carro de uma montadora estrangeira, recém-saído de fábrica e, ao volante um pleiboizinho que veio lá de São Paulo, exibia sua performance de motorista.  Freou o possante ao lado do cavaleiro e disse:
 - E aí, seu Zé. Aonde vai com este pangaré? Não quer trocar por 350 cavalos que eu tenho aqui?
  E, acelerando, deixou o Lidio comendo poeira. 
  A cem metros dali, a estradinha fazia uma curva que desembocava numa ponte sobre o córrego dos Castilhanos.
Sem conseguir fazer a curva e derrapando no cascalho, o carro foi lançado de bico no córrego. Quando, dali a pouco, chegou o Lidio, ele parou o cavalo no meio da ponte, deu uma tragada no cigarrinho de palha e interpelou o motorista:

 - E aí, Seu Moço, resorveu dá água pa tropa?

(Causo recolhido e enviado por Joaquim da Silva Junior, de Carmo do Rio Claro-MG)

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