
Deu num dia em que ia passando, como quem não quer nada, o Bené da Zulmira. Caboclo ajeitado, trabalhador e querido por todos da cidade. E chegou-se para uma prosa.
- Cumé que vai, sô Gimiro?
- Remano, fio... Remano! Tem dia que ando perrengue... Tem dia que tô bão... E vamo levano a vida...
- Sê Gimiro, tô andano meio preocupado nos últimos tempo, sô!
- Quê qui foi, fio?
- Tô numa durda danada... Num sei se caso... O que o sinhô acha?
Argemiro entendeu a seriedade da colocação do moço. Mas ficou olhando bem distante, lá pra baixo na rua, parecendo que nem tinha ouvido a pergunta. Depois de um bom tempo, olhando meio de banda pro Bené, responde:
- Ó, fio!... Tô aqui pitano meu pitim, mas tô pono sentido... E sá quê quiopensei? Siguinte, fio!... Andano por esse mundo aí em roda, discubri que casamento é quinem comprá fumo...
Silêncio geral. Enquanto o Bené esperava a continuação da resposta, o velho Argemiro reacendeu o toquinho do pito de palha, coçou a barbinha rala, deu uma cuspidinha pro lado, olhou pra rua e continuou:
- É sim, fio! Casá é o memo que comprá fumo... Desses fumo de rolo aqui, ó... Ocê vai e iscói o que acha mais mió e de acordo com o seu bolso, mas tem que comprá o rolo inteiro. E isso vale pros home e pras muié, uai... A primeira vorta do trem - de mais o meno um metro - ocê acha bão demais da conta, sô!... Mas o resto, meu fio... Ah, o resto!... Os quinze metro seguinte ocê só pita mode num perdê o investimento... né não?
©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e www.tabui.blogspot.com.br/
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