- Nadica de Belzonte e nadica de Montisclar, Beraba, Berlândia,
Braguari... Meu negóço é Rid’janero, cidade grande, com muita plaia,
muita água e fartura de muié bonita, tudo peleca...
Chegando ao Rio, depois de uma passada rápida por Jidifora,
a parentalha, inclusive sua comadre, começou a mostrar pra Boró os
lugares mais bonitos e os pontos turísticos da cidade, até que chegaram
ao Pão de Açúcar.
- Bora lá em cima, Boró?
- Ieu? Óiaqui, ó, cumade!... Naquele negocim daquele tamanim?
- Aquilé o bondim, home de Deus? Carece tê medo não!
Boró entrou no bondinho na marra. O negócio sacudia pra cá e pra lá e
Boró suava frio e teve batedeira. De vez em quando a fricção de cabo de
aço com ferro provocava um barulho tipo assobio e Boró sentia cólicas
intestinais. Outras vezes o bondinho parece que ia parar em pleno ar e
Boró, segurando firme no corrimão, não teve outra solução senão agachar,
até que sentou no piso... Boca seca, suando frio, o homem sofreu mais
que sovaco de aleijado, mas conseguiu chegar lá em cima são e salvo,
embora muito sem graça com o seu comportamento na frente de estranhos.
- E aí, Boró, gostô da experiência? Prontim pra descida?
- Eu? Descê na disgrama dessa geringonça aí? Nunquinha! Num vô não! Ó
cumade, esse negoço quaisque me matô. Pódescê e me isperá na estaçã!.. E
óia aqui, ó, ieu só num me caguei todo por que num tinha bosta pronta,
viu?...
E Boró não desceu. De bondinho não. Fez todo o trajeto pela escada,
apreciando o mulherio cheio de prendas daquela cidade abençoada.
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