Tião Gordo, que até não era tão gordo, sempre foi muito bonachão e preguiçoso. Não gostava de jeito nenhum de fazer esforço. Certo dia tava ele na cidade e tinha, de todo jeito, que ir pra casa. Desanimado de enfrentar as duas léguas a pé, com a falta de coragem costumeira, resolve arranjar carona. Vem vindo um caminhão. Foi só Tião fazer sinal, o motorista parou.
- Dá carona pra mim?
- Pode entrá aí na carroceria. Só que tô levano um caixão. Vô buscá um difunto. Cê num importa?
- Importo não!
Tião não era homem de ter essas preocupações. O que ele queria mesmo era economizar trabalho para as pernas. Entrou na carroceria, junto com o caixão, e o motorista afundou o pé.
Depois de rodarem um pouquinho, começa uma chuvinha de molhar bobo. O Tião, que não era bobo nada, abriu o caixão e se enfiou lá dentro, fechando a tampa com cuidado. Dentro do caixão tava tão quentinho que o moço pegou no sono. Como o motorista era homem de bom coração, foi dando carona para um ou outro que ia na mesma direção.
Depois de alguns quilômetros havia uns dez caroneiros na carroceria, em volta do caixão, no maior respeito, julgando que lá dentro tinha um morto. Uma velhinha até rezava o terço.
Numa certa hora o caminhão passa a roda traseira num buraco e dá um sacolejo na “carga”. Tião Gordo acorda do sono profundo, lembra da chuvinha e resolve ver como está o tempo. Abre devagar a tampa do caixão, vê aquelas pessoas em volta e pergunta, na maior inocência:
- Gente, já parô de chovê?
O susto foi tanto entre os caroneiros que houve gente que até pulou do caminhão. Tudo porque ninguém esperava que o defunto estivesse vivo.
9 comentários:
Poxa, ´qualquer um sairia correndo. Que idéia de entrar dentro do caixão e se aquecer...se defunto é frio.
Ai Eurico, essa é daquelas que a gente passa o dia lembrANDO E RINDO.
Beijos amigo!
Mirse
Este Andrade , se não existisse, teria de ser inventado, pois é dos maiores contadores de histórias engraçadas que tenho visto ! Parabéns Eurico, pois teus causos são do melhor que já li.
Se em tua casa, tratas os teus familiares, desta forma tão jocosa, deves viver um clima extremamente engraçado e feliz.
Teu amigo de Portugal
O Mário, do ENGENHOCANDO2.BLOGSPOT.COM
Oi Eurico,
Um abraço do seu amigo holandes que se mudou de Portugal para Natal RN.
Johannes
Mirse,
Defunto é frio, mas o caixão é quente. Até eu, numa chuvinha e nas mesmas condições, não dispensaria um caixãozinho não, sá!
Mário,
Há quanto tempo, meu amigo! É preciso que você continue olhando cá pra terrinha colonial deixando de lado a terrinha real. Olha, Mário, na minha casa, a gente ri muito e conversa bastante. De vez em quando tem tb uns bafafás e uns problemas, como em todas as famílias. Mas somos felizes e ficamos mais felizes quando achamos novos amigos, como é o seu caso.
Ô Hago, você deve ser um cara cigano e não holandês. A cada 6 meses está num lugar diferente. Quando você vier pro lado do DF, me procure.
Fala cumpadi!
Como sempre um causo "bão".
Tenho um assunto procê:
http://www.seuguara.com.br/2009/10/selo-de-reconhecimento.html.
Tarvez te interesse.
Inté mais ver.
Olá Eurico,
O Tião era preguiçoso mas não era burro e soube como se defender da chuva.
Já estava com saudades, passei um tempo fora.
Um abraço carinhoso,
Dalinha
Boa noite poeta,
Conheci seu Blog no Blog do Valter Poeta.
Amei o seu cantinho...
Fico feliz demais ao ver sua obra literária...
A Blogsfera só tem a ganhar com sua presença
e escritos dignos do grande escritor que vc é, de fato.
Aproveitei e me alimentei de uma farta porção de sua inspiração...
Hoje vim te ler, e compartilhar com você um presente:
Sou a poetisa da semana no Blog do VALTER POETA e
é claro, gostaria que lesse, e caso queira, opine.
É sempre pra mim um prazer e uma honra saber sua concepção,
sua opinião, seu parecer.
Te espero...
http://valterpoeta.blogspot.com
Beijinhos...
Glória
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