Cê já viu dessas
fazendas antigas onde a sede está misturada com chiqueiro, curral, engenho,
galinheiro e o diabo a quatro? Pois bem. Imagine uma fazenda assim, onde morava
o Toinzim Pitiú com a Maria Canarana, muitos anos no costado de cada um. Lá, a
visita para chegar à sala, tinha primeiro que passar pelo curral e para ir
embora, mesma coisa.
Bem no meio do
curral o Toinzim mandou fincar o tronco de aroeira. Qualquer animal que
precisasse de um tratamento, de castração ou de um exame mais detalhado, era
laçado e contido nesse tronco. Era nele também que quem chegava à fazenda a
cavalo, amarrava o animal enquanto tomava um cafezinho ou filava uma boia da
cozinha afamada da dona Canarana. E foi nesse esteio de aroeira que o gato Xodó
aprendeu a encarapitar quando um dos cachorros da fazenda resolvia persegui-lo.
Nesse caso, Xodó subia no tronco e ficava lá, se preciso fosse, o dia inteiro,
até o cachorro desanimar e ir embora.
Mas numa certa
manhã de tempo de frio, o tronco arrumou outra serventia. Apareceu um urubu
meio perdido e, até que entendesse os rumos por onde andava, resolveu tirar um
descanso em cima do tronco de aroeira. Enquanto descansava, abria as assas pra
pegar os raios do sol da manhã e foi bem nessa hora que o cachorro resolveu
implicar com o gato Xodó. E este, aonde foi subir pra fugir da perseguição? No tronco
de aroeira, onde descansava o urubu. Só que o gato tava tão assustado que subiu
num relâmpago e, no aperto, subiu no urubu também. Já o urubu, vendo que o
negócio ali tava ficando esquisito, levantou voo com aquela coisa estranha em
cima das suas costas. Bem que o gato queria pular daquele trem, mas a altura
desaconselhava tamanha desventura. Solução do gato foi abrir um berreiro de
fazer dó, miando feito doido, enquanto o urubu fazia voltas em torno da fazenda,
querendo livrar-se da carga incômoda.
Foi aí que o urubu
passou por cima do paiol, bem onde dona Maria Canarana tava descascando umas
espigas de milho para os porcos. Olhou e viu aquela maçaroca danada passando
por cima dela. Sem conseguir entender o acontecimento, preocupada, gritou pro Toinzim
Pitiú:
- Ô, meu Deus! O
mundo vai acabá hoje, Toinzim!... Causdiquê urubu já tá miano!...
(Causo contado pelo amigo Divino Martins, de Itapuranga-GO)
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