Ia o Aristeu viajar de avião primeira
vez. Saindo de Belzonte pra Bahia, terra do Zé Sudário, mode conhecer umas
praias. Nervoso demais da conta, passou a falar pelos cotovelos, enquanto suava
frio e dava batedeira. A entrada no avião foi um Deus nos acuda. Aristeu queria
refugar, no que foi cercado pela aeromoça que vinha atrás, subindo a escada. O
tabuiense senta lá, amarram-lhe o cinto e a agonia aumenta. Quando o avião
começa a levantar voo, Aristeu começa a ter vertigem e só não vomitou por que
tinha economizado no café da manhã.
Após o avião estabilizar-se lá em cima, apareceu uma voz, enchendo todo
o ambiente:
- Senhores passageiros, aqui é o comandante Prestes, conduzindo-os num
voo seguro. Nossa altitude é de 1.200 metros e a temperatura beira zero grau...
prim... trim... prec... trec... o que é isto? O que aconteceu aeromoça?...
Nesse momento, pânico geral no avião. Cada passageiro olha pro outro com
olho mais arregalado. Havia gente que fazia o sinal da cruz e enchia os ouvidos
divinos de promessas. Aristeu apenas gemia, fechando um olho de medo e abrindo
o outro pra ver os acontecimentos...
Novamente a voz do comandante:
- Desculpem senhores passageiros!... É que a aeromoça derrubou café
quente em mim. Imaginem o estado em que ficou a parte da frente da minha calça!...
Aristeu não aguentou o sofrimento entalado e desabafou num grito,
olhando pro teto do avião, como se procurasse o dono da voz:
- E ocê picisa vim aqui pavê cumé qui ficô a parte traseira da minha
carça, seu disgramado!...
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