22/04/2014

NOS BRAÇOS DE MORFEU


     Este causo aconteceu foi mesmo em Tabuí, ali na pensão da Vitalina, a única da cidade. Um vendedor, homem experiente da vida, mas, com muito sono atrasado, foi lá e a espelunca não tinha quarto vago.
     - Dá um jeito, por favor, dona Vitalina, eu preciso dormir. Me arrume nem que seja uma cama, sá!

     Vitalina pensa, pensa e, querendo ganhar uns mirréis a mais, responde:
     - Óia... Tenho um quarto com duas cama. Interessa? E lá tá hospedado um moço que me disse que queria rachá a conta com alguém. Só que tem que ele ronca demais da conta. Tanto, que os vizinhos do quarto já fizero recramação dizendo que não conseguem dormir.
     - Nenhum problema. Fico com o quarto, dona Vitalina! Eu quero é dormir!
     Ela leva o viajante pro quarto, acorda o roncador, apresenta-os um ao outro e eles vão dormir.
     No dia seguinte, o vendedor chega ao refeitório para tomar café e, contrariando as expectativas, está bem disposto, alegre e assobiando “encoste tua cabecinha no meu ombro e chora!...”. Vitalina, com curiosidade, pergunta:
     - E aí, deu pra dormi?
     - Dei nada, dona Vitalina! Dormi assim mesmo! Aliás, dormi foi demais da conta, sá!
     - Mas os ronco do home num trapaiaro?
     - Nada! Ele não roncou nem um minuto. Nadica de nada!
     - Nepussive, sô! Quecocefez?
     - Bom, foi simples, uai! O sujeito já dormia, mal entrei no quarto. Aí, a primeira coisa que fiz foi me aproximar da cama dele e beijar sua bunda dizendo: - "Boa noite, coisinha linda"... O sujeito passou a noite acordado, desconfiado, sentado na cama e me olhando assustado com o rabo do olho...


(Este causo foi, com a devida autorização, surrupiado e adaptado do http://loucurasedevaneios.blogspot.com/ )

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