Montaram uma agência bancária em Tabuí. Começou tudo muito bem,
tudo muito bom, até que houve o assalto. Sim, também lá acontecem dessas coisas
do Brasil civilizado. Os assaltantes, uns dez ou doze, todos muito bem
educados, mandaram que os clientes fizessem fila. Dois seriam escolhidos para serem
fuzilados. Assim morte rápida, sem muito sofrimento, para que todo o país
soubesse que por ali passara o bando do Manocleudo.
Fila feita, o assaltande chefe vai escolher quem deve ser morto.
Chega ao primeiro, aliás, à primeira da fila, aponta o rifle, que de tão novo
até brilhava, e pergunta:
- O nome da senhora, por favor!... Vamos ver se a senhora tá no
ponto pra eu matar...
A mulher, coitada, não acha palavras, gagueja, treme, sua frio, até
que sai:
- Ro-ro-rosinha!...
- Dona Rosinha!... – falou exultante o assaltante – É o nome da minha vozinha, quem me criou... A senhora pode se mandar. Tá
liberada, em homenagem à minha vó!
O Próximo da fila era um cabra novo, forte a grandão, que todo
mundo conhecia em Tabuí, principalmente por estar agora fazendo concorrência ao
banco. Também emprestava dinheiro a juros exorbitantes. Era o Sansão Bontempo.
- Seu nome aí, seu barrigudo!
Sansão ficou meio de lado, botou a mão na boca, em concha, de forma
que mais ninguém ouvisse e falou pro meliante:
- Óia aqui, ó... Meu nome é Sansão Bontempo... Mas lá in casa todo
mundo trateu de Rosinha...
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