Teodora vivia num sofrimento danado na capital federal. Analfabeta
desde que saíra de Tabuí, analfabeta continuou. Nada sabia ler daquelas placas
na rua nem os nomes e números dos ônibus e nem nada. E tinha vergonha quando
alguém descobria isso, que ela julgava grande defeito.
Num certo dia Teodora estava na parte superior da rodoviária, esperando
condução e parava todos os ônibus que passavam a fim de acertar aquele que a
levaria ao destino.
- Prondé qui vai esse ômnis? – Perguntava ela.
- Vai pro Paranoá! Ou “Vai pra Asa Norte”! – Respondia o motorista.
Em certo momento, ela parou pela segunda vez o mesmo ônibus, com o
motorista já estressadinho.
- Prondé qui vai esse ômnis? - Pergunta ela mais uma vez.
- Pro Inferno! – Responde o motorista
Com a simplicidade que lhe era característica, Teodora não se
sentiu ofendida. E humildemente perguntou:
- Mais ele passa in Sobradinho inhantes?
O motorista não teve como não liberar um sorriso amarelo e, sem
graça, pedir desculpas à passageira.
(Causo recolhido e enviado por Edelson Silva Pereira Lopes, de Brasília-DF)
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