Benedito de Assucena sentia que tava
ficando cada vez mais gago. O jeito era procurar médico na cidade. Foi mandado
pra Belzonte mode vê o que tinha na garganta. Médico indicou uma fonoaudióloga.
Coisa cara, pras posses do Bené. Durante seis meses, uma vez por semana ele ia
à moça, na capital, fazer exercícios pra
garganta e pra voz.
De saco cheio de ficar falando pra moça
oooooo, aaaaaa, iiiiiiii..... Resolveu
parar com aquele trem. Mas fizera progressos. Ao ponto de certo dia, ao mostrar
seus novos dotes pro Totonho do Geromo, acontecer o seguinte diálogo:
- Óiaqui, ó Toto-to-nho: “Australopitecus”, ‘Caraguatatuba”,
“Otorrinolaringologista”...
- Mas que beleza, Bené! Cê falava gago tão bem... Mas agora
miorô, né?
- Qué ovi mais? Ó: “Bagre branco, branco bagre”... “Toco preto,
porco fresco, corpo crespo”... “Toco cru pegando fogo”...
- E tem mais ainda... qué vê? Ó: “Se vaivém fosse e viesse,
vaivém ia, mas como vaivém vai e não vem, vaivém não vai”...
- Mas, Bené! Que trem mais bão, sô! Cê tá aprendeno a falá
direito, uai! Cê tá é fazeno curso pra gago ô é curso pra disgaguejá?
- Tô não! Ga-gago eu já sei.
Tô prendeno falá di-direito... Só isso!... Até po-poesia já fa-falo, ó: “A
aranha arranha a rã. A rã arranha a aranha. Nem a aranha arranha a rã. Nem a rã
arranha a aranha.”
- Cê qué vê outra? Ó: “Tinha
tanta tia tantã. Tinha tanta anta
antiga. Tinha tanta anta que era
tia. Tinha tanta tia que era
anta.”
- Mas, Bené! Que coisa, heim? Cumé o pogresso!... Cê já sabe falá direitim esses trem daí! Benzó Deus!... Só pode sê milagre!
- Mas, Bené! Que coisa, heim? Cumé o pogresso!... Cê já sabe falá direitim esses trem daí! Benzó Deus!... Só pode sê milagre!
Ao que o Bené respondeu:
- Cê tá-tá ce-certo, ma-mas ondé qui-qui-quiovô usá umas
be-be-bes-teirada dessas?
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