Praxedes
saíra de Tabuí com sua Marília uma semana atrás. Grávida, de cinco meses. Foram
passar uns dias na praia para, na linguagem da Marília, curtir a gravidez, no
que o Praxedes muita graça não tava achando. Aquela praia só tinha água e areia.
Semana inteira, cruzcredo! Faltava diversão.
Naquela
noite, tarde da noite, Marília dá vontade de comer caranguejos e obriga o
coitado do Praxedes a providenciar um tanto pra ela. O moço até achou bom
aquele desejo da cara metade pois, afinal, iria sair sozinho àquela hora, o que
mudava um pouco a monotonia daqueles dias.
Foi
assim que, numa esquina bem movimentada, quem ele viu? A namorada dos tempos de
escola. Oi pra cá, oi pra lá e resolvem tomar uma cervejinha para comemorar o
encontro. Uma cervejinha chamou outra e mais outras, acompanhadas de beijinho
aqui, beijinho ali, mão na mão, mão chegando perto daquilo e empolgação demais
da conta. Vão os dois lá pra praia e recordam e recordam e recordam os velhos
tempos. Quando Praxedes dá por si, o dia tá amanhecendo e o sol começando a
mostrar a cara. Aí ele dá um grito, assustando a coleguinha de escola, antes de
sair correndo:
Acha
um pescador e compra umas três dúzias de crustáceo, bota tudo numa lata e sai
correndo rumo da pensão, procurando descobrir a desculpa que iria dar para
Marília por tão grande atraso.
- Vou
ter que contar pra ela, meu Deus! É a única solução. Tô ferrado! Também quem
manda gostar tanto de um rabo de saia? Se estrepei!
Assim
que chega à pensão, pensando que a porta tava trancada, encosta-se nela para
pensar mais um tiquim até ver se aparece aquela desculpa de que ele tanto
precisava. Mas ao forçar a porta com a cabeça, a porta se abre repentinamente,
a lata cai e despeja caranguejo pra tudo quanto é lado, e eles se espalham pelo
corredor a fora.
Marília,
preocupada com o sumiço do marido, tava só cochilando e acorda tonta e assustada.
Aí ela viu que era, de fato, o marido e se emocionou quando o ouviu dizendo
pros bichinhos caranguejos, enquanto os empurrava para dentro do quarto:
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