25/01/2013

OVOS FRESCOS




     

    Esta é bem fresquinha. Acabou de acontecer. Romualdo era da turma lá do Tauá, um vilarejo bem nos confins de Tabuí, de onde o pessoal vinha pra vender sua produção e ganhar uns trocados. Como todo mundo de Tauá, Romualdo tinha a cara de bobo, mas bobo ele era nada. Só conversa mole. Aí ele passava pela rua gritando:

     - Ói o ovo! Ói o ovo bão! Ói o ovo bão e fresquinho!...

     Aquela conversa mole batia no coração das donas de casa tabuienses e ele vendia ovo feito água. Foi dona Clarice quem saiu à porta:

     - Mas esses ovos tão mesmo fresquinhos, moço?

     - Tão, moça! Fresquinho mezzz!

     - Quanto tá a dúzia?

     - É dois real, dona! Só pruquê é pra sinhora!

     A falsidade não convenceu dona Clarice. O que a convenceu foi o preço da dúzia dos ovos, menos da metade do preço do mercado. Ela pensou “ele deve ser meio bobo, coitado”. E comprou. Duas dúzias.

     Depois de uns dois ou três dias, tá o Romualdo passando de novo pela rua. E tá lá dona Clarice esperando indignada “esse ordinário, filho de uma rapariga que vai me pagar!”...

     - Olha aqui, seu filho da mãe! Você não disse que os ovos tavam fresquinhos? Das duas dúzias que comprei só um estava bom. O resto joguei fora! Foram todos pro lixo!

     Romualdo nem se assustou. Com a mesma voz mansa e mole, respondeu:

     - Ichh! A senhora teve foi sorte! A sua vizinha dali de riba comprô tamém e num aproveitô foi nenhum!...

     Dona Clarice foi pra cima do Romualdo que, saindo de fininho, dizia:

     - Carma, dona!... Carma!...
(Este causo foi enviado por M.T. Sallum, de Caxambu-MG)

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