18/03/2010

Raimundo Barbeiro entra na agulha

     Chegou dia de Raimundo Barbeiro tomar a vacina contra a gripe, à qual o povo dava o nome de vacina dos véio. Bem magrilim, foi animadim procurar a esposa, pensando em dar uma bisoiada na enfermeira loira do hospital.     
     - Muié, cadê minha cardeneta?
     - Tá na gaveta embadapia, home!
     Raimundo tinha as coisas em ordem. Na caderneta, as anotações com relação à sua saúde, da qual cuidava com todo o esmero. Na fila do arremedo de hospital que havia em Tabuí, nosso herói era amigo de quase todo mundo e batia papo com um e com outro enquanto esperava sua vez de entrar na agulha. Entrega sua caderneta pra uma moreninha de branco e fica de butuca esperando ela chamar seu nome. Niqui chega a hora, a moça olha pra ele com o rabo do olho e, parecendo assustada, comenta alguma coisa com a colega loira – a paixão do Raimundo. Olha pra ele de novo e faz um gesto de dúvida. Até que pergunta:
     - Foi aqui memo que o sinhô tomô a úrtima vacina?
     A pergunta aziou o Raimundo Barbeiro. Já tão creno que tô caduco! Isso é o que dá, botá aqui essas moça que nem sabe lê direito, pensou ele.
     - É craro que foi, uai! Causdiquê só vacino aqui, ô sá!
     - Como é memo o nome do sinhô?
     - É Remundo, muié! – respondeu ele, pronto para apelar.
     - Mas é c’aqui tá iscrito vacina anti-rábica e seu nome num é Sadan Houssein?!!!
     Raimundo baixou a cabeça, sem saber onde colocar a cara, tamanha a vergonha que passou, na frente da turma e vendo a enfermeira loirinha dar uma gargalhada. Só aí é que descobriu que pegara o documento na gaveta errada, a do cachorro. Sua desculpa, com sorriso amarelo, falando baixinho no ouvido da enfermeira moreninha, foi:
     - É a droga da minha muié, uai! Ela só apronta bagunça naquela casa, sô!






2 comentários:

Unknown disse...

Essa tá muito boa, Eurico!

Você me deu uma grande idéia!


Beijos

Mirse

Dalinha Catunda disse...

Olá Eurico,
Passei por aqui para conferir mais um de seus "causos" engraçados.
Gostei da vacina dos véi.
Um abraço,
Dalinha