- Môôô, mó quiocê num gosta do meu canto?
Era a bela Maricleusa, reclamando pro coitado do marido, assim no finalzinho da tarde, quando ela ia tomar banho e começava a cantoria diária. Voz de taquara rachada, tentando cantar os insucessos mais modernos. O Dantão, homem da paz, discreto e calado, sempre saía do quarto e ia pra varanda – do outro lado da casa - sem falar nada. Mas o que ele não queria mesmo era magoar a mulher, reclamando dela, por obrigá-lo a – todos os dias – ouvir aquele martírio.- Querida, gosto do seu canto sim. Ainda mais que sei quiocê canta só pra mim.
- Então, mô, causdiquê toda vez quieu canto cê sai do quarto?
- Meu bem... É por causa da vizinhança. Cê sabe cumé quié esse povim de Tabuí, né? Não quero que pensem que tô judiano docê...
©By
Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos
https://www.facebook.com/causos e http://tabui.blogspot.com.br/
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