Totonha do Prudêncio era o cão em forma de gente. Implicava com todo
mundo na rua e ai de quem caía em desgraça com ela. A língua da mulher era
afiada por demais. Foi por isso e muitos outros issos que Totonha não era
benquista no seu meio.
Totonha tinha o amor do Prudêncio e isto lhe bastava. Mas não é que num
certo dia o Prudêncio resolveu que era hora de ir embora? Bateu as botas e foi
levado pelos amigos para o cemitério. Totonha entrou em desespero e gritava,
descabelando-se, acompanhando o caixão:
- Me leva, Prudêncio! Me leva cocê! Ai, meu Deus, que mundo triste o
meu!...
Os gritos eram tão fortes que passaram a incomodar até ao Padre Anacleto
que ia puxando o terço enquanto ajudava a levar o amigo pra última morada.
Chegando ao cemitério, tava todo mundo pedavida com a gritaria de
Totonha.
- Me leva, Prudencinho, eu quero í tamém... Me leva, meu bem! Buáááá....
Os amigos não sabiam se choravam a morte do Prudêncio ou se passavam uma
espinafrada na Totonha. Alguns chegando a pensar que aquele exagero era forçado
e que não havia muito sofrimento ali não.
Foi aí que ela se descuidou, olhando pro Prudêncio dentro do caixão, no
fundo da cova - o que veio a trazer gostinho de vingança pros amigos.
Escorregou e bateu deitada em cima do caixão do marido, bem cara a cara com
ele. E Totonha, que tanto queria ir com o Prudêncio, olhos arregalados de
pavor, deu revertério no desejo e, aos gritos, suplicava:
- Me tira daqui, meu povo! Me larga Prudêncio!... Socoooorrrro!!!
Pelamor de Deus, me tira daqui, gente!!!!
(Causo contado pelo amigo Divino Martins, de Itapuranga-GO)
©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e http://tabui.blogspot.com.br/
(Causo contado pelo amigo Divino Martins, de Itapuranga-GO)
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