Rolando Tapioca tinha quatro filhos homens,
acostumados à labuta do dia-a-dia no serviço da roça. Tão dedicados ao trabalho
que mal tinham tempo e jeito pros namoricos. Pela pouca experiência, o mais
novo, Epílogo Tapioca, fez indecências com a primeira namorada e teve que casar
às pressas. Festão na fazenda, com toda a alegria do pai. Aí o segundo filho, o
Verso Tapioca, que viu gosto no casamento do irmão, resolveu também se casar,
com a filha do vizinho. Outra festa na fazenda, com gosto dobrado do Rolando
que ia vendo os filhos progredindo e seguindo as leis da natureza, enquanto
continuavam trabalhando todos juntos. Mesma coisa com o terceiro filho, o Poema
Tapioca. Mais festa na fazenda. O pai não cabia em si de tanto contentamento,
com a tapiocada se ajeitando na vida. Mas ficou faltando o Soneto Tapioca. Tão
bonito o moço, mas só que o Soneto não era lá muito bom da cuca não. Meio
passado das ideias.
O pai pensava: “Soneto vai ficá beato... e ter
um filho beato é dose pra cacete, chato pra caramba”. “Vou esperá um pouco mais
e se, de toda maneira, ele continuá sortero, dô um jeito e pago nem que seja
uma quenga mode casá cuele”. Mas eis que um dia chegou o Soneto com um papo
estranho:
- Pai, arranjei uma namorada ali e tô gostano
dela, pai!...
Passa um tempinho e lá vem o Soneto com nova
conversa:
- Pai, vô ficá noivo e vô casá em setembro,
pai!...
- Ô, fio... Recebo a notíça com gosto. A mesma
festa que fiz pros zoto, vou fazê procê tamém, viu? Vou matá umas duas nuvia,
umas porca gorda, uns duzentos frango e chamá a parentada e seus amigos... Pode
ficá tranquilo.
Casou o moço. E o pai pensou “esse meu fio é
meio bobo, vai que não dá conta do recado, a moça vai largá dele”...
Com muito jeito o Rolando resolve sondar o filho,
depois de uns meses de casado, para saber das suas intimidades.
- Meu fio...
- O que quié, pai?
- Acamifii, cê já abraçô e já beijô sua muié?
- Não, pai, num abracei e num beijei ela
não...
A resposta causou arrepiaço na espinha do
Rolando Tapioca... Cheio de dedos, meio gaguejando, medindo palavras, ele
continuou:
- E vc já tomô banho cuela, assim só cêis dois
lá na casinha?
- Afffemaria, pai! Curuiz! Não... Nunca tomei
banho cuela não...
- E botá ela na cama, pelada, passá a mão nas
coisas dela?...
- Eita, pai!... Nunca!... Milive, sô! Nunca
fiz isso coela não...
O pai tava desconcertado com as informações...
Pensou “tá danado”... E resolveu mandar uma última pergunta, indiscreta, mas
era o jeito:
- Mas, fio, o que quiocê já feiz cuela até
hoje?
- Pai, pa sê franco pu sinhô, causdiquê gosto
muito do sinhô, inté hoje só carquei pica nela, pai, todo dia...
(Causo contado pelo amigo Divino Martins, de Itapuranga-GO)
©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e http://tabui.blogspot.com.br/
©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e http://tabui.blogspot.com.br/
Um comentário:
Lendo o causo, inté pensei qui u cabra era uma bichinha de Tabui. Mais é macho memo kkkk
Abração, Ivette
Postar um comentário